quarta-feira, 8 de julho de 2015

Conto de aniversário

Odeio segundas-feiras! Não tem jeito de eu acordar disposta numa segunda-feira. E quando você desperta 33 anos mais velha numa segunda-feira, é pior ainda. O ciático latejando desde cedo, mas alguma coisa me dizia que algo de bom estava à minha espreita. O dia transcorreu normalmente. Este ano resolvi ocultar meu aniversário das famigeradas e impessoais redes sociais. Anonimato! Ah, que sensação libertadora. Fiquei feliz!!! Felicitações apenas daqueles que me são especiais em meio a um dia normal de muitos afazeres... e quando, no final do dia, acreditava não haver nenhuma surpresa, eis que toca o telefone. Meu coração dispara, o corpo todo treme, mesmo que não insistisse em ter aquele contato salvo, não esqueceria do número nem que se passassem mil anos... era ele. Não acredito! Era ele! Alô? Alô? Não ouço nada. Alô? Desligo. Ele insiste. Alô? Alô? Continuo não ouvindo nada. Ele vai pensar que não quero falar com ele. Até que mais uma tentativa... a ligação continua ruim, mas agora posso ouvir. Tanto ele, quanto as coisas bobas que saem (ou não) da minha boca. Frio na barriga. Tremedeira. Lá se vão no mínimo oito anos, e esse cara ainda mexe comigo. Esse cara que eu nunca toquei. A não ser nos meus pensamentos... Oi? O quê? Não entendo bem o que ele diz, mas o timbre daquela voz já é o bastante. Nem sei quanto tempo se passou, um minuto? Cinco? Uma hora? Não sei dizer... foi pouco, muito pouco. Porém o bastante para ter certeza de que aquela chama nunca se apagou... Derretida, é como estou.  

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