segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

E.E Cummings

nalgum lugar em que eu nunca estive,alegremente além
de qualquer experiência,teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente,misteriosamente)a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado,eu e
minha vida nos fecharemos belamente,de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade:cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre;só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas



E.E.Cummings, poeta norte-americano, nasceu em 1894 e morreu em 1962. Conquistou, ainda em vida, um lugar permanente entre os maiores poetas de nosso tempo. Ainda se comenta muito das suas inovações em tipografia e pontuação, que foram, por alguns, mal entendidas como meros "efeitos", mas o leitor cuidadoso verá que elas são um aspecto de sua busca pela expressão mais pura e clara de seus pensamentos e sentimentos. Uma maneira de renovação da linguagem que só os grandes poetas conseguem. Cummings era único dentre os poetas de seu tempo, pois era igualmente extraordinário na sátira e no sentimento e lutava vigorosamente contra a pomposidade e a pretensão. É considerado um dos poetas que escreveu os mais emotivos poemas de amor de todos os tempos.(http://www.releituras.com/eecummings_menu.asp)

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