quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mão na consciência

Desde segunda-feira, que ando introspectiva, e que venho analisando minhas atitudes, revendo meus conceitos. Diante dessa tragédia tão próxima, vejo o quanto nós seres humanos somos egoístas. Não deveria se assim. Nossos olhos não deveriam abrir apenas numa hora dessas. Mas infelizmente é assim que as coisas são. Tenho pensado muito em quem eu sou, no que eu quero da vida, e na forma como estou tentando conquistar as coisas. Por tantas vezes somos mesquinhos, fazemos tempestades em copo d'água, nos exaltamos, nos envolvemos por futilidades, sem se dar conta de que todos nós estamos sujeitos a perder tudo de uma hora para outra. E agora, diante de tanta tristeza, me sinto pequena. Não sei se acredito em Deus, ou se existe algum poder divino olhando por nós, mas mesmo assim, peço perdão pelas minhas faltas. Da forma que posso estou tentando fazer a minha parte. Espero que esse momento de consciência não seja apenas uma lucidez instantânea. Espero que não só eu, mas que boa parte de nós, tire alguma lição, e que isso sirva de algum modo para fazer de nós pessoas melhores.


"As alterações climáticas vieram como um alerta vermelho piscante.E a beleza estonteante de Santa Catarina se converte em lágrimas. Desabrigados, refugiados, mortos... O cenário lembra uma guerra. E não era na Indonésia, nem no Afeganistão. Gente de terras tupiniquins, que fala a mesma língua e pisa no mesmo solo... e que não poderia supor que a desgraça fosse tão palpável e que, do dia para a noite, pudesse perder a própria identidade. Aí você olha pro controle remoto, pensa na cama quentinha, no cheirinho de comida vinda do fogão, aquele copo de água geladinha em cima da pia, carro novo na garagem... e seu ar falta por um instante. Seu pensamento não consegue afastar essa idéia: ‘E se fosse com minha família?’ No meio do caos, aparece a esperança para iluminar as atitudes de uma nação. E o povo brasileiro se reúne com a mais pura intenção de ajudar ao próximo. Como uma criança que vê seu irmão caído no chão, e se abaixa, mesmo sem forças, para tentar levantá-la, a população faz verdadeiros mutirões para arrecadar fundos e enviar às vítimas da enchente que abalou Santa Catarina. Comerciantes fazem rateio entre os clientes. Condomínios mobilizam moradores, escolas enviam comunicados. E assim, o país inteiro levanta do sofá pra tentar reerguer uma cidade. A comoção nacional fez com que cada brasileiro tomasse uma atitude e transformasse a impotência em solidariedade, às vésperas do Natal. Aproveite que seu coração está sensível, olhe pro lado ao invés de achar que o mundo gira em torno do seu umbigo. Talvez seja essa a lição que as catástrofes nos ensinem, que é possível dar as mãos para tentar reverter uma situação, sentir a dor do outro e fazer alguma coisa para ajudá-lo, e ver como é comovente uma nação se unindo em prol de uma causa. Só precisamos afastar a cegueira que nos impede de enxergar isso DIARIAMENTE, e abraçarmos as causas... antes que seja tarde demais!"

Cinthia Dalpino

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